
(O que eu também não entendo – Jota Quest)
Minha Paixão,
Quando te senti pela primeira vez, meu corpo flutuou. Minhas mãos, geladas, escorregavam sobre um vazio. Senti, pela primeira vez, meus pés saírem do chão e uma nuvem de vento atravessar minha barriga.
Seu gosto era doce. Sua boca era suave e macia. Seu toque era mais envolvente do que qualquer outra coisa que pudesse existir no mundo. Eu estava no paraíso. Suas palavras eram melodias para os meus ouvidos. Tudo que eu queria era estar ao seu lado.
Porém, eu estava em estado de choque.
Minha tensão era visível. Minha atual situação não era das mais favoráveis, eu não tinha cabeça nem coração para embarcar naquela viagem. Eu não tinha permissão para estar ali, contigo.
Mesmo assim, eu estava. E o céu, o mar e a lua, testemunharam a seu favor. A partir daí, fechei os olhos. Pro meu passado, pra mim, pra minha vida. Optei por você, por “nós dois juntos”.
Jamais desejei tanto alguém. Jamais desejei tanto uma companhia, um beijo, um abraço, um cafuné. Tudo me fazia lembrar você, seu olhar, suas palavras, seus gestos de afeto. Tudo me fazia lembrar daquela noite fria à luz do luar, onde tudo começou.
Era tão gostoso. E recíproco.
Caracterizo como uma troca. De confiança, confidências, carícias, beijos.
Nossos momentos juntos foram inesquecíveis. Nossos momentos separados também. Tudo foi tão doce quanto amargo. Eu te desejei perto e longe de mim, muitas vezes.
Não sei por que, mas chega uma hora que as coisas esfriam. Creio que não fiz nada que levasse a isso, mas não me julgo inocente. Sei que sou humana e estou exposta a erros.
Tudo caminhava tão bem. No fundo eu considerava que nós éramos aspirantes à perfeição. Quanta ingenuidade.
Por uma fração de segundos eu acreditei que todas aquelas rejeições eram apenas um pesadelo ruim. Rejeições em todos os sentidos, eu digo. E não era. Era apenas, nossa vírgula se aproximando.
Vírgula porque lá no fundo do coração, uma chama ainda está acesa. Muitas dúvidas, muitas interrogações ainda estão ali, guardadas, prontas para brotar no mundo.
Minha garganta arranha. Desde aquele dia e daquela despedida, tão calorosa, eu só penso em uma coisa: POR QUÊ?